sábado, 30 de janeiro de 2016

Por que Creio no Pós-Tribulacionismo parte 3 - O que é ser um Pós-Trib

O que é ser um pós-tribulacionista - retrospecto: É crer que a Igreja permanecerá na Terra durante a Grande Tribulação, mas sendo guardada de toda a provação estando dentro dela. 
É crer que a 2ª Vinda de Cristo será numa etapa única, no fim da tribulação. Nessa época, Cristo se revelará, a Igreja será arrebatada, se encontrará com ele nos ares e imediatamente dará meia volta e retornará juntamente com ele à Terra para o estabelecimento do Milênio.
É supor, por meio desse entendimento, que os acontecimentos secundários Tribunal de Cristo e Bodas do Cordeiro não ocorrerão durante os 7 anos de grande tribulação, mas após a Revelação de Cristo. Supostamente no início do Milênio, mas trata-se apenas de suposição, pois EM NENHUM LUGAR DA BÍBLIA está escrito que as Bodas do Cordeiro durarão 7 anos cronológicos. É só utilizar a lógica e pensar:

Se para o Tribunal de Cristo não funcionará o tempo CHRONOS, o tempo físico de minutos e segundo, haja vista a quantidade infindável de santos que serão julgados no mesmo, então da mesma maneira durante a Festa de casamento entre Cristo e a Igreja, bem pode valer também essa regra. Os acontecimentos ocorrerão seguindo o tempo KAIROS, ou seja, o tempo de Deus para a ordem de cada uma delas, mas o que é espiritual não se sujeita ao que é material, como o tempo Chronos, o tempo cronológico. 

Portanto tentar calcular o tempo de duração de ambos os eventos secundários, é pura especulação e sejamos sinceros, amantes da Bíblia: Não existe nenhuma base comprobatória para estipular 7 anos cronológicos para as Bodas do Cordeiro. Quem estuda a Bíblia obedecendo regras de hermenêutica e seguindo a exegese correta, sabe muito bem disso. 

O Pós-tribulacionista não crê na iminência da volta do Mestre, porque se acredita em eventos não cumpridos que ainda tenham de existir e realizar-se antes do arrebatamento. Por isso a palavra iminência torna-se irrelevante. O Pós-tribulacionista crê na incerteza da Vinda, ou seja: Jesus indicou aos discípulos que sua vinda seria ADIADA por determinado tempo. Encontramos esse ensino em 3 de suas parábolas: o nobre que foi para um país distante (Lc 19. 11-27); as virgens prudentes e néscias (Mt 25.5) e a dos talentos (Mt 25.19). 

 Na ocasião em que Jesus falou essas palavras, havia certos eventos que, segundo parece, teriam de acontecer antes de sua 2ª vinda, P. Ex.: Pedro teria de envelhecer e tornar-se senil (Jo 21. 18, 19); o evangelho teria de ser pregado a todas as nações; e Jerusalém teria de cair ante o que viria a ser Roma; tudo antes da 2ª Vinda.
Por isso, sua vinda não exigia o conceito de iminência naquela época. E se na ocasião em que as palavras foram faladas e ouvidas pela 1ª vez, não exigiam o conceito de iminência, então muito menos requerem iminência no tempo presente. Pela regra exegética, a passagem de alguns anos não dá à linguagem um significado que ela não tinha antes. A sequencia de eventos que inclui a vinda do Senhor muito possivelmente está próxima. É ESSE conjunto de eventos que está iminente e não só um evento específico, no caso a 2ª Vinda.

DIÁLOGO DE "MIGO" COMIGO MESMO, COM UMA DÉCADA DE DIFERENÇA ENTRE AMBOS:

[Michel do Passado, Pré-Trib.] - "Ora, essa questão de Pedro ainda não ter envelhecido é fácil: devemos entender essa frase como significando o seguinte: 'O Senhor pode vir a qualquer tempo, A NÃO SER que Pedro ainda não tenha envelhecido". Quando ele declarou isso, não exigia o conceito de iminência, porque esses eventos ainda tinham de ocorrer. Agora, porém, depois de terem sido cumpridos, a vinda é iminente!!"

[Michel do Presente, Pós-Trib.] - "Muito bem. Então você concordará comigo que também não há razão alguma para não se crer também, por exemplo, afirmando: 'O Senhor pode vir a qualquer tempo, A NÃO SER que a Grande Tribulação ainda não tenha ocorrido...!! Se na ocasião em que as palavras foram faladas e ouvidas pela 1ª vez, não exigiam o conceito de iminência porque algumas coisas - como a morte de Pedro, ainda não tinham ocorrido, da mesma maneira, ainda não se exige o conceito de iminência hoje, porque outro dos eventos - a ocorrência da GT - ainda não ocorreu! A regra exegética é a mesma, prezado Eu do Passado...!"

[Michel do Passado, Pré-Trib.] - "...!" 


 CITAÇÕES DOS ANTIGOS PAIS DA IGREJA

 A esperança milenista é a única que encontramos nos primórdios da igreja. Clemente de Roma escreveu no ano 95 dC em sua carta, 1º CLEMENTE: “Percebeis como em pouco tempo o fruto duma árvore chega à maturidade. Em verdade, logo e subitamente Sua vontade se cumprirá, como a Escritura testemunha dizendo: ‘brevemente Ele virá e não tardará’ e, ‘o Senhor subitamente virá a seu tempo...” Clemente não queria dizer com isso que ele cria que Jesus voltaria sem ocorrer uma série de eventos que antecederiam a sua vinda.


No DIDAQUÊ, O ENSINO DOS 12 APÓSTOLOS, escrito no ano 120 dC, também se nota uma visão do futuro que incluía o aparecimento do Anticristo que deflagrará terrível perseguição e dominará o mundo. Muitos ficarão ofendidos e consequentemente perdidos. Trata-se de cristãos professos que não ficarão firmes. Alguns perseverarão e serão salvos. Após a tribulação ver-se-ão sinais do fim, sendo o último a ressurreição dos santos. O Didaquê foi escrito pouco depois do Apocalipse a fim de prevenir os crentes contra os grandes sofrimentos que marcarão o período antes da vinda de Cristo.

A EPÍSTOLA DE BARNABÉ, escrita na mesma época que o Didaquê, mostra uma esperança na 2ª vinda após o governo e perseguição do Anticristo. Assim lemos: “Quando seu Filho vier, ele destruirá o tempo do maligno, julgará os ateus, modificará o sol, a lua e as estrelas, e então descansará realmente no 7º dia.” Apenas após a queda do Império Romano e o surgimento de 10 reis sobre a terra, virá o Senhor Jesus.

Justino Mártir, pelos idos de 150 dC, foi um Pré-milenista, mas não pré-tribulacionista. Ele esperava a vinda do Senhor após o advento do Anticristo que falará contra Deus e perseguirá aos santos. Não sentia medo diante dos sofrimentos futuros marcados para a Igreja em vista da experiência do fortalecimento que Deus deu para seus filhos ao enfrentar a perseguição na sua própria época. Justino achou que os cristãos que não criam no reino de Cristo sobre a terra eram faltosos quanto à doutrina.

Foi Irineu (pelos idos de 170 dC) que escreveu mais especificamente sobre o fim. Segundo ele em CONTRA AS HERESIAS, haveria uma série de eventos no Império Romano antes do aparecimento do Anticristo e a consequente volta de Cristo. Como Barnabé, Irineu previa a divisão do mundo romano em 10 reinos, seguida pelo aparecimento do Anticristo e a tribulação que purificará a Igreja em preparação para o banquete real divino. Após a tribulação Cristo voltará para destruir o Anticristo e resgatar a sua igreja. Nesta descrição detalhada dos eventos que antecederão a vinda de Cristo, encontramos Irineu crendo firmemente na posição pré-milenista pós-tribulacionista. Ele explicou que a razão do Milênio era a necessidade dos crentes serem preparados para a visão de Deus que significa seu aperfeiçoamento e também demonstrar a vitória de Cristo neste mundo, dentro do tempo antes da eternidade.

Tertuliano, um Pré-milenista do final do séc. II, também esperava a vinda de Cristo somente após sinais bíblicos que anunciarão antecipadamente aos que creem. 

Hipólito, do séc. III, entendeu que o 4º animal de Daniel previa o Império Romano. Os 10 dedos seriam 10 reis que também eram prefigurados pelos 10 chifres. Aquele que extirparia 3 chifres seria o Anticristo conquistando e destruindo o Egito, a Líbia e a Etiópia. Segundo Hipólito, João fala em Ap 12 de uma perseguição de 1260 dias que pressionará a Igreja. Só então poderá esperar a 2ª vinda seguida pelo reino predito no cap. 20.

Concluindo, todos os primeiros pais da Igreja que tocam nos temas da escatologia, pensaram que a Igreja sofreria a perseguição promovida pelo Anticristo. Tal sofrimento teria o alvo divino de purificar a Igreja preparando-a para a 2ª vinda na qual Cristo destruirá o Anticristo, resgatará seu povo e inaugurará o Milênio. Não encontramos pré-tribulacionismo nesse período da história eclesiástica.

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